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Como as comunidades estão promovendo a inclusão digital enquanto fortalecem sua autonomia? Compartilhando conhecimento e pensando coletivamente sobre como construir e fortalecer redes comunitárias. Cerca de 35 comunidades estão participando de Escolas Nacionais de Redes Comunitárias, as primeiras do seu tipo, que acontecem em cinco países: Brasil, Indonésia, Quênia, Nigéria e África do Sul.

As Escolas Nacionais são um esforço coletivo de capacitação e fortalecimento para a criação, desenvolvimento e consolidação de redes comunitárias, enquanto uma forma de cultivar abordagens de baixo para cima e sustentáveis de comunicação e conectividade. Entre dezembro de 2021 e janeiro de 2023, cada escola construirá seu próprio cronograma e programa por meio de processos participativos, moldando as escolas de acordo com as necessidades e interesses locais. Elas podem incluir processos de mentoria, bem como atividades presenciais e online sobre diferentes tópicos relacionados às redes comunitárias. Podem abranger temas como serviços e infraestrutura de rede, sustentabilidade, políticas públicas e regulamentação, comunicação e autodeterminação, entre outros.

Além de ser uma catalizador de aprendizagem e troca de saberes, cada escola busca ser um multiplicador de iniciativas de inclusão digital lideradas por comunidades, reunindo pessoas de diferentes comunidades de um mesmo país e promovendo a colaboração com outras organizações que atuam nessa frente. Em média, cada escola envolve 21 representantes de sete comunidades locais interessadas em fortalecer ou desenvolver uma rede comunitária em sua região. Envolve também uma organização “meso”, responsável por facilitar o processo das escolas e considerada bem posicionada para dar apoio às iniciativas nos territórios. Como parte do projeto  “Supporting Community-led Approaches to Addressing the Digital Divide” (Apoiando abordagens lideradas pela comunidade para enfrentar a exclusão digital) liderado pela APC e Rhizomatica, várias organizações (como a REDES A.C.) e pessoas envolvidas com o campo das redes comunitárias também estão apoiando os processos das escolas.

Conheça as escolas nacionais

Na Nigéria, membros de comunidades rurais discutiram alternativas para preencher as lacunas de acesso durante a primeira Escola de Redes Comunitárias da Nigéria, promovida pelo Centro de Tecnologia da Informação e Desenvolvimento (CITAD) em dezembro do ano passado.

Na Ásia, um programa educacional está semeando redes comunitárias em toda a Indonésia, onde participantes de oito províncias foram recentemente envolvidos em um "treinamento de treinadores", promovido pela organização Common Room. De 11 a 16 de janeiro, como parte da Escola de Redes Comunitárias da Indonésia, participantes aprenderam sobre o desenvolvimento e uso de infraestruturas de internet baseadas na comunidade, discutiram governança da internet no meio rural, aspectos técnicos e casos concretos de inovação.

Na África do Sul, sete comunidades de diferentes áreas marginalizadas digitalmente fazem parte da primeira Escola de Redes Comunitárias em andamento em todo o país, facilitada pela Zenzeleni Networks NPC em colaboração com outros atores. O programa de desenvolvimento de habilidades de 10 meses começou com uma reunião presencial realizada de 31 de janeiro a 12 de fevereiro de 2022, quando membros da comunidades urbanas e rurais se reuniram para refletir sobre alternativas de conectividade lideradas pela comunidade para reduzir a exclusão digital nas áreas onde vivem.

 

An activity of the School of Community Networks in Kenya. Photo: KICTANet

 

Enquanto isso, no Quênia, membros da comunidade e organizações locais se juntaram à Escola de Redes Comunitárias do Quênia, promovida pela TunapandaNet Community Network. De 28 de fevereiro a 4 de março, o primeiro encontro trouxe uma reflexão sobre infraestrutura e serviços de rede, questões políticas e regulatórias e formas de alcançar a sustentabilidade.

Enquanto as quatro escolas estavam em andamento, na América Latina a Escola de Redes Comunitárias da Amazônia estava em fase de preparação. Na região amazônica brasileira, o Projeto Saúde e Alegria promoveu visitas a sete comunidades indígenas e tradicionais que farão parte da Escola, que acontece entre junho e dezembro de 2022.

A workshop about communications autonomy was held during the preparations for the Amazon Community Networks School. Photo: PSA
Uma comunidade de redes

Embora cada iniciativa reflita diferentes realidades e reúna múltiplas vozes, todas elas têm uma coisa em comum: a abordagem centrada na comunidade permite que os participantes adaptem o conhecimento compartilhado às suas próprias realidades, incorporando avanços e desafios locais na construção de redes comunitárias. Até o início de 2023, a esperança é que não apenas surjam e cresçam mais redes comunitárias nesses cinco países, mas também que os participantes tenham passado por uma jornada de fortalecimento mútuo por meio da troca de conhecimentos e possam se apoiar mutuamente e atuar juntos em nível nacional.

A experiência das escolas também mostra que uma abordagem de inclusão digital de baixo para cima não é só possível, como também necessária, pois estão reunindo justamente as comunidades que vivem em territórios rurais, tradicionais, de florestas e periferias urbanas impactadas por um histórico de desigualdades e deixados para trás até então pelo modelo de conectividade adotado pelo poder público e as operadoras de telecomunicações. Este é um passo significativo e concreto no sentido de apoiar as comunidades para superar a brecha digital.

A iniciativa “Supporting Community-led Approaches to Addressing the Digital Divide” é um projeto liderado pela APC e Rhizomatica que busca desenvolver modelos, capacidades e formas de sustentabilidade para redes comunitárias, com apoio financeiro do Programa de Acesso Digital do Reino Unido (UK Government’s Digital Access Programme).

* Fotos (respectivamente): Common Room (Indonésia), KICTANet (Quênia) e Projeto Saúde e Alegria Project (Brasil).

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