Google e uma lição que não devemos esquecer

A conclusão que nós do ocidente temos sobre o recente episódio Google indigna a liberdade expressada por nós do ocidente, vivemos em uma sociedade livre é inaceitável a manipulação de informação, a censura, e opressão da mídia, de fato. Questões como essa já deixaram de ser tabu em uma sociedade como a Brasileira.
A internet hoje, com seus próprios critérios e liberdade é capaz de denunciar, discutir, informar e entreter, mas no Brasil e como qualquer outro país existem regras e disciplina quanto as maneiras de proceder com informações, leis e princípios que não devem ser desobedecidos. A legislação vigente regida pelo comitê gestor da internet no Brasil e entre outras entidades reguladoras da atividade atendem os critérios pré-estabelecidos para a funcionalidade da internet brasileira.
A China, de forma semelhante possuem instituições que estabelecem essas regras que exercem as mesmas funções que o CGI Brasileiro. De fato, as regras divergem das nossas em várias questões e princípios, que este estão de acordo com a constituição e legislação vigente no território Chinês.
A Google no Brasil considerada por muitos herói, tornou-se vilão saindo da China, usou de sua influência para atingir propósitos políticos desafiando o poder de estado, assumindo ser mais poderoso que a soberania nacional de um país.
A Google foi acusada pela autoridade reguladora Chinesa por exibir conteúdos pornográficos e outros sites considerados impróprio para o governo Chinês. Após uma série de fatos sem correlação, a saída de vários funcionários no final de 2009, incluindo a saída do CEO Chefe Chinês responsável por trazer a empresa para a China em 2006. Como também, falhou em assumir a liderança no mercado Chinês, atrás da Chinesa Baidu e uma gestão com infames resultados, a Google deixou a China com o discurso de que não poderia operar no país sem a “liberdade de expressão”.
Por outro lado, outros fatos justificam o episódio, a Google foi o quarto maior doador para a campanha eleitoral do atual presidente Americano Barack Obama e desde que Obama assumiu o poder, indicou vários executivos do Grupo para assumir cargos estratégicos em Washington.
O Governo Americano, tem utilizado cada vez mais de suas corporações multinacionais para executar seus jogos políticos. Meses atrás na Georgia e Iran, a Google, Twitter e Facebook tiveram participação determinante na divisão da opinião pública. Até países como Alemanha, França, e Índia iniciaram investigações nas operações das empresas mencionadas.
A cada dia mais tem se percebido as relações íntimas entre essas empresas e o governo americano, declarações feitas por Hillary Clinton sob os incidentes da Georgia e Iran, demonstra a satisfação que o Governo Obama tem com o auxílio que essas empresas tem os dado em promover a política externa americana.
O Brasil atualmente não tem sofrido muito com as intervenções internacionais, mas já sofreu, o golpe militar 1964, em 1979 com as sansões tecnológicas feitas pelo grupo G7, jogo que visava bloquear o programa de auto-suficiência energética, lançado no período. Mais recente, sem julgar o caso, o acidente na Base aeroespacial em 2003, além dos problemas que os estrangeiros tem causado no estado de Roraima, onde Japoneses, Americanos e Europeus exploram as reservas indígenas, que são ricas em minério, pedras preciosas e além da grande biodiversidade; o interesse pela amazônia e a proximidade que os americanos tem com as atividades militares com nosso vizinho colombiano pode nos tornar também vítima dessas ferramentas.
O Governo Chinês, por mais ditatorial e rígido que aparenta, tem por mais de 2 milênios mantido a China unificada, as denúncias que permeiam o governo Chinês quanto ao Tibet e XiJiang tem em vista um ponto, fragmentação do território Chinês, independente da posição que é assumida, o interessa nacional de cada país deve ser respeitado e a não interversão internacional ser contemplada por todas as nações.
Na teoria Econômica, quanto maior o número de agentes, menor é a coordenação, e na história política, essa premissa tem se mostrado factível, não só na questão política quanto também no desenvolvimento econômico. Ingleses em sua trajetória histórica sempre tem sucedido na divisão e fragmentação dos povos, não obstante, americanos também tem sucedido no Oriente Médio e infelizmente tem utilizado de todas ferramentas possíveis para promover seus jogos políticos internacionais.
É inquestionável os benefícios que tais aplicativos, serviços, e tecnologia tem trazido a nós usuários da rede mundial, mas os riscos que elas tem oferecido também devem ser analisados nas discussões sobre o assunto. Hoje a Globalização tem mérito inegável, mas dela também pode-se derivar ferramentas capazes de comprometer seus benefícios.

Felipe Santos é mestrando em Desenvolvimento Internacional pela Escola de Políticas Públicas na Universidade de Tsinghua.

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